compartilhando alguns versos
Numa seqüência de desafios
da caminhada solitária, navegando rios extensos
Muitas águas (distantes) se encontram com as minhas
Levando esses gravetos que marulham
Na espuma da correnteza
Vejo-me agora
Entre o breu e o nada
Esse vão entre a realidade e a palavra
Essa queda infinita aos meus abismos
Ao profundo poço fundo
Esses encontros com o impossível
Essa incapacidade de criar mundos
Em que neles possa viver
Ah, sei... crio mundos de outros tempos e lugares
De mundos inanimados
Na frieza do barro
Na dureza, densidade da pedra
De gentes que jamais me dirão palavra
Que jamais estenderam braços em carinho
De versos que o vento e as lágrimas levam
De olhares que se dissipam
De tudo que se esvanece
Das coisas que não duram,
Sei bem criar mundos que me atravessam.
“Bandos...trespassam-me e sei...
Passam.
Abraço formas vazias
Inutilmente.
Ah... como eu queria ter braços tentáculos
Capazes de reter alguma coisa.” (Maria Helena Sleutjes in: "Presença", Rio de Janeiro, 2001.)