CRIANÇA SEM GRAÇA

Por que choras criança sem graça?

Deixada ao léu que moras na praça

Que passa fome, e jogada às traças,

Vagando sem rumo perdida na massa?

Já não te encontram e ninguém te acha

Pois se és 'delinqüente', alguém te caça.

Há quem te desdém e também desfaça.

Por ti nunca achas quem algo te faça.

Chora criança sem esperanças

De vida curta, de muitas andanças

De melancolias, de tristes lembranças

Escrava do medo, refém das matanças.

Ouso perscrutar onde estão teus país

Sei de tua dor, bem sei dos teus ais.

Querem-te um dia, depois não mais.

Não tendes lugar, para onde vais?

Lá na esquina és número em chacina

Tua vida efêmera também pouco ensina

Bem cedo terminas e assim é tua sina,

Um poema sem graça, muito menos rima.

Não chores criança, pois o tempo passa

Renova teus sonhos e não vires caça

Preserva tua vida, não vires fumaça

Teu corpo sem vida é fel numa taça.

José Luciano
Enviado por José Luciano em 07/10/2013
Reeditado em 18/05/2021
Código do texto: T4515335
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