TEU E MEU

Como o cego que não vê,

o ébrio que tropeça,

a onda que reflui ao mar que a arremessa,

como o sol que se põe e renasce imutável...

Como a chama que queima,

a fumaça que evola,

assim vive esse amor:

imprevisto, risonho,

cego à própria luz,

bêbado do seu sonho,

irrequieto, constante, ardoroso, pungente...

Cresce em ondas e após ,

em espuma docemente se desfaz,

grande e manso,

doce e altivo,

envolvente e profundo.

É um amor que nasceu de um pequeno sorriso,

de um tímido olhar,

de um aceno impreciso,

e tão logo cresceu quase maior que o mundo...

Rico amor de ilusão, num vestido de sonho,

ele esconde a nudez proibida e profana,

que o frio olhar do mundo só exproba e condena.

Pobre amor teu e meu,

tão secreto e silente,

abismo de nos dois,

angústia recrescente,

estrela a se apagar na aurora do depois...

hortencia de alencar pereira lima
Enviado por hortencia de alencar pereira lima em 07/10/2013
Código do texto: T4515186
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