1 - Soneto da espera:
Todas estas manhãs em silêncio
Estão manchadas,
Pelo cinza das chuvas fortes
E já nem parece verão.
A casa ficou vazia de repente
Ouço meus próprios passos no assoalho,
O ranger da porta que a chuva molhou
E a canção antiga que me dói à alma.
Anoiteço e invado a madrugada
Com o olhar perdido e sem saber,
Quanto tempo irá suportar esta saudade.
A cada manhã que despertamos distantes
Aproximamo-nos mais do reencontro, eu sei...
Mas é impossível não doer neste momento.
Léa Ferro. 03-01-2013. 12:54 hs.
2 - Noite em luar:
A noite que era de luar
Ficou escura
É tanta nuvem neste céu anil.
O dia que era de calor
Resfriou-se
Por tanto choro que veio do céu.
O riso que era colorido
Desbotou-se
É tanta lágrima no doce olhar.
As vozes que eram da canção
Ficaram mudas
Por tanta dor a nos desafinar.
O tom que era em dó maior
Perdeu a rima
É tanto amor em um silêncio vão.
A noite que era de luar,
À noite, eras meu luar,
À noite, só eu e o luar.
Léa Ferro. 03-01-2013. 13:45 hs.
3 – Tempo:
O tempo esparso
Amontoa-se pela casa,
Em noite
Mal tingida
Pelo vento,
Fulguram memórias
Esvai-se ao relento,
Com a fumaça
Da neblina
Que compõe a paisagem
Do agora.
Léa Ferro. 03-01-2013. 21:56 hs.
4 – Ausência:
Tua ausência
Enferruja meu olhar
Perco as palavras,
O sono,
A quietude.
Caminho pela noite
Sob a chuva
Que molha
Meus anseios.
Tua ausência
Impõe-me o ardor
Da solidão,
Que acreditei acabar.
Léa Ferro. 03-01-2013. 21:59 hs.
5 – Precipício:
E Deus não dá trégua,
Nem tempo.
Lançamo-nos ao precipício
Sem asas,
Para o voo.
Uns dias venta
Outros atormentam
N’outros adormeço
Sem luxúria
Ou desapego.
Uns gritam,
Eles choram,
Eu calo...
No embalo
Da dor, que me desfaz.
Léa Ferro. SP. 19-01-2013. 01:41 hs.
6 – Amor:
O amor é bom,
Mas só serve para dois.
Léa Ferro. 2013.
7 – A dor, mercê:
Quem inventou a dor,
Esta coisa fina
Que atravessa a carne
Que ancora n’alma desafinada das canções?
Quem inventou a dor?
A dor
Adormecer
A mercê
Do tempo.
Quem inventou o céu?
Este céu azul,
Tão longe
Que não podemos tocar
Nem sentir.
A dor, mercê...
Estamos à mercê, da dor.
Léa Ferro. 21-01-2013. 01:26 hs.
8 – Perdas:
Perde-se a estrada, tantas vezes,
E por vezes,
Perdem-se os destinos,
Os enganos,
Enganam-nos.
Perde-se o tom,
O dom,
Permanece a dor
Enaltecemos-nos
De perdas,
Restos,
Amor.
Perde-se a memória,
O chão,
Perde-se o silêncio
Na multidão
Que ronda a casa...
Salta, grita, sussurra.
Perde-se a fé,
A voz,
A palavra.
Perde-se o tempo,
Os anos,
Passam,
Enganam-nos,
Os passos,
Que damos,
Por não perder,
A dor,
O amor.
Léa Ferro. 10-02-2013. 02:42 hs.
9 – Alta noite:
Noite alta
Em voz amena
Escura noite
Já é noite, outra vez.
Cai, lá fora o sereno
Que demora do luar
Cai a chuva no terreiro
Como é breve o pulsar.
Alta noite,
Cai do céu
Uma estrela cintilante
A chorar.
Cai lá fora uma pétala
Na noite crua
Onde nasce
Só uma lua.
Noite alta
Noite escura
Noite salta
E me segura, o luar.
Léa Ferro. 10-02-2013. 02:46 hs.
10 – O Sangue:
O sangue
Verte do corpo
Junto à alma
Rumo às fugas da solidão.
Uma ilusão
Crer
Na imensidão
Das palavras.
Cessaram-se os cantos
As vozes estão mudas.
De poemas ocos
Vivem os olhos
Que temem a morte.
Léa Ferro. 10-02-2013. 03:20 hs.
Todas estas manhãs em silêncio
Estão manchadas,
Pelo cinza das chuvas fortes
E já nem parece verão.
A casa ficou vazia de repente
Ouço meus próprios passos no assoalho,
O ranger da porta que a chuva molhou
E a canção antiga que me dói à alma.
Anoiteço e invado a madrugada
Com o olhar perdido e sem saber,
Quanto tempo irá suportar esta saudade.
A cada manhã que despertamos distantes
Aproximamo-nos mais do reencontro, eu sei...
Mas é impossível não doer neste momento.
Léa Ferro. 03-01-2013. 12:54 hs.
2 - Noite em luar:
A noite que era de luar
Ficou escura
É tanta nuvem neste céu anil.
O dia que era de calor
Resfriou-se
Por tanto choro que veio do céu.
O riso que era colorido
Desbotou-se
É tanta lágrima no doce olhar.
As vozes que eram da canção
Ficaram mudas
Por tanta dor a nos desafinar.
O tom que era em dó maior
Perdeu a rima
É tanto amor em um silêncio vão.
A noite que era de luar,
À noite, eras meu luar,
À noite, só eu e o luar.
Léa Ferro. 03-01-2013. 13:45 hs.
3 – Tempo:
O tempo esparso
Amontoa-se pela casa,
Em noite
Mal tingida
Pelo vento,
Fulguram memórias
Esvai-se ao relento,
Com a fumaça
Da neblina
Que compõe a paisagem
Do agora.
Léa Ferro. 03-01-2013. 21:56 hs.
4 – Ausência:
Tua ausência
Enferruja meu olhar
Perco as palavras,
O sono,
A quietude.
Caminho pela noite
Sob a chuva
Que molha
Meus anseios.
Tua ausência
Impõe-me o ardor
Da solidão,
Que acreditei acabar.
Léa Ferro. 03-01-2013. 21:59 hs.
5 – Precipício:
E Deus não dá trégua,
Nem tempo.
Lançamo-nos ao precipício
Sem asas,
Para o voo.
Uns dias venta
Outros atormentam
N’outros adormeço
Sem luxúria
Ou desapego.
Uns gritam,
Eles choram,
Eu calo...
No embalo
Da dor, que me desfaz.
Léa Ferro. SP. 19-01-2013. 01:41 hs.
6 – Amor:
O amor é bom,
Mas só serve para dois.
Léa Ferro. 2013.
7 – A dor, mercê:
Quem inventou a dor,
Esta coisa fina
Que atravessa a carne
Que ancora n’alma desafinada das canções?
Quem inventou a dor?
A dor
Adormecer
A mercê
Do tempo.
Quem inventou o céu?
Este céu azul,
Tão longe
Que não podemos tocar
Nem sentir.
A dor, mercê...
Estamos à mercê, da dor.
Léa Ferro. 21-01-2013. 01:26 hs.
8 – Perdas:
Perde-se a estrada, tantas vezes,
E por vezes,
Perdem-se os destinos,
Os enganos,
Enganam-nos.
Perde-se o tom,
O dom,
Permanece a dor
Enaltecemos-nos
De perdas,
Restos,
Amor.
Perde-se a memória,
O chão,
Perde-se o silêncio
Na multidão
Que ronda a casa...
Salta, grita, sussurra.
Perde-se a fé,
A voz,
A palavra.
Perde-se o tempo,
Os anos,
Passam,
Enganam-nos,
Os passos,
Que damos,
Por não perder,
A dor,
O amor.
Léa Ferro. 10-02-2013. 02:42 hs.
9 – Alta noite:
Noite alta
Em voz amena
Escura noite
Já é noite, outra vez.
Cai, lá fora o sereno
Que demora do luar
Cai a chuva no terreiro
Como é breve o pulsar.
Alta noite,
Cai do céu
Uma estrela cintilante
A chorar.
Cai lá fora uma pétala
Na noite crua
Onde nasce
Só uma lua.
Noite alta
Noite escura
Noite salta
E me segura, o luar.
Léa Ferro. 10-02-2013. 02:46 hs.
10 – O Sangue:
O sangue
Verte do corpo
Junto à alma
Rumo às fugas da solidão.
Uma ilusão
Crer
Na imensidão
Das palavras.
Cessaram-se os cantos
As vozes estão mudas.
De poemas ocos
Vivem os olhos
Que temem a morte.
Léa Ferro. 10-02-2013. 03:20 hs.