AFASTA-TE, MAL!
Profusão de ideias,
Esperanças e desenganos,
Pensamentos e dilemas
Correram por sobre mim...
Touxeram espinhos,
Feridas pustulosas,
Juntas deslocadas,
Sono indomado,
Boca amarga...
O mal que lançaram,
Feitiço das unhas agudas e negras,
Se morte, doeria menos...
Depois de longo desânimo,
Macero alecrim e menta,
Misturo-lhes água da chuva,
Flores de camomila,
Sobre gazes faço emplastros.
Ave-marias e pais-nossos,
Nas mãos turmalinas escuras,
Na testa óleo de cânfora,
Incenso a casa com mirra.
[Vá, medusa penada,
Falsete de sereia!
Retorna ao subtérreo donde vieste!
Eia, Anjo da Justiça!]
Vento fresco traspassa-me o corpo,
De alto a baixo,
De lado a lado.
Limpa meu dorso dos flagelos,
Acaricia minha pele para que se cure,
Verdeça de saúde,
Um brilho novo no olhar.
Expurgo,
Ablução da alma,
Reacender do espírito.
Renovação da criança,
Livre,
Descalça pela vida.
Pés no chão,
Coração aliviado,
Alma nos céus.
Por mérito.
Por justo mérito.
imagem: Google