UMA MADRUGADA

UMA MADRUGADA

A vela acessa ao lado do defunto

O luto agora é inevitável

Resta pintar a cara com piadas

Guardar todas as penas

Ficar nu na frente do espelho

Avaliar os ferimentos

Sutura-los sem anestesia

E vestido todo elegante

Com uma roupa de baile

Trocar meu sangue por vodka

Andando na estrada escura

Sentindo-me um andarilho

Que veste Armani e toma Absolut

Meu carro parado em qualquer lugar

Asas sem penas

Carros que passam pelo zumbi

A dor me impede de saber quem EU sou

Quero apenas ir para o sul

Mas meu sul é outro planeta

Era feliz quando estava junto

Triste quando era largado

Largado ou trocado ou abandonado

Meu sangue é alcoólico e venenoso

A lágrima não sai. o grito não sai

O vomito não sai, nem a voz sai.

Não consigo voar por estou sem asas

Por fim amanhece...

É achar o carro e tentar voltar para casa

Ou então dormir nessa estrada

Eu, minha dor e a solidão.

Meu paletó Armani eu dei a um andarilho

Em sua loucura ele merece viver

Eu vou sobreviver

Afinal o dia amanheceu

E o luto vai acabar

Pois tudo na vida é um ciclo

E o andarilho hoje esta elegante

Eu sobrevivi nessa madrugada.

André Zanarella 05-10-2013

(sem correção escrito ao nascer do sol)

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 06/10/2013
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