Do Acalanto da Aurora
A mulher que chegou, agora (em meu momento de deserto)
trouxe um canto liberto das algemas da noite sonora
pela janela da aurora, que está cada vez mais perto
do meu olhar encoberto por uma nuvem que já não chora.
Não entendo a sua luz e não sei se, nela, há calor
mas, o que ouço dentro da cor, vem num tom que, em mim, produz
esse acalanto que faz jus ao mais sedento dormidor
que sonhasse com o claro amor vestindo seus olhos nus.
Ela chegou, de repente, com olhar de mulher esperada
e eu, que não esperava nada, do meu deserto poente
sinto cheiro de sol-nascente perfumando a madrugada
e espero pela chegada do amanhecer, novamente...
que vem, assim, lentamente e cantando a cada passada
para a noite já acordada no meu coração dormente.
05-10-2013