CANTO 91
Amador Filho.
AMOR!
Essa palavra está no frontispício do desconhecido, indecifrável e inexorável como a esfinge à entrada do deserto.
Assim como aquela esfinge de pedra vê, impassível e imponente as tempestades do sinum, sem as prever nem as corrigir, nem as acalmar, assim Lea, tu vês as tormentas da minha vida, muda, inexorável, indiferente...
Não te suplico nem espero nada. Fazer o contrário equivaleria rezar diante da esfinge, oferecer-lhe círios e amuletos, antes de entrar na região das areias traiçoeiras e assassinas.
Não profano o hino dos meus rogos, não consumo o círio da minha esperança, nem deponho a oferenda do meu coração ante o altar da grande quimera, pois ela é surda, cega e implacável ante minhas queixas e gritos.
Santa Luz, inverno de 1960.