Cair alada

Eu vivo a vontade louca

de pôr fogo no meu quarto.

Eu vivo na vontade fênix.

Das cinzas fazer diamante,

das pedras que machucam, fazer giz

no atrito com o chão.

Eu vivo a vontade desvairada

de pular de um avião,

na sapiência cega de voar com asas,

de cair alada

no errante coração da terra.

Eu vivo a vontade insana

numa paixão cigana,

que me deixa na solidão.

Eu vivo o ensejo por recomeço

nessa era de medo, de morte e insolação.

Eu vivo a loucura de um desejo proibido,

de um amor sentido cheio de expressão.

Eu vivo a dor constante de deitar no travesseiro

sentindo o peso das escolhas,

o poder das armas,

a precisão das agulhas.

Eu vivo a angústia de deitar num mal dormir,

de rimar palavras, de fazer graça

com o meu existir.

Eu vivo a loucura de querer viver

depois de me matar.

Tati Dalat 03/10/13

Tati Dalat
Enviado por Tati Dalat em 04/10/2013
Código do texto: T4511368
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