Zen II
Como podes correr assim?
No meio da lama, do blecaute
nascer no céu do chão do céu
um avião embriagando sonhos,
lembranças e um gosto de canela?
Para onde vais com a tua indiferença?
Posso te fazer mais uma pergunta?
-Não. Fale de tudo mas fuja, finja, esqueça.
E tudo se desmorona, escuro, lacrimeja.
A ventania trás a chuva seca
lavando, abortando a noite da alma fosca
arrepiada no pavio de um soneto
depois dos alfenins divididos na boca.
Não é efêmera e nem em vão.
A viagem que faço ainda é vida, pão
e não obedece a teu chamado,
acredita no amor posto que é poesia
e sabe que teus olhos desfarão a pausa.
Poema publicado também na página pessoal do autor, Blog VERDADE EM ATITUDE (www.VERDADEmATITUDE.com.br).