DESAMPARO

a existência é um absurdo.

pode até haver explicação, razão,

mas não dê ouvidos

se alguém lha diz provida de sentido,

direção.

é pra frente que a vida vai,

só nisso há algum vetor.

porque, em se procurando pretexto,

ou missão,

nada há no berço ou no caixão.

vão é sentir o vazio

que arrepia a pele de tristeza.

à mesa, - só -, a comer-se em problemas

tão simplesmente

sem solução.

dentro de si, a liberdade!

uma luz que ofusca, faz chorar

e queima a retina bebê

daquele que crê

dever haver alguém a mais dentro de si.

pseudodesamparo,

tão caro à Terra e suas pessoas...

que, talvez,

não mais deveriam ser

que sinceras, criativas

(e boas).