Da Poeta Chuva
As palavras estão molhadas da chuva que escreve (lá fora)
um poema de água sonora...que já escreveu madrugadas...
que já deixou empoçadas, palavras que apodrecem, agora...
em versos que não vão embora...em noites que não foram rimadas.
Nessa chuva de poesia, meu coração se sente banhado
como se o poema molhado (que enche a noite vazia)
me enchesse de melancolia por uma chuva do passado
que banhou alguém ao meu lado, quando pensei que não banharia.
Relâmpagos delirantes, rabiscando a noite (tão escura),
são borrões que fez, a loucura, na folha em branco dos amantes;
que não souberam escrever, antes e, com correção, a ternura...
e os trovões é a amargura que, com seus mil alto-falantes,
ainda ecoa os instantes de uma poeta tão dura,
que escreveu líquida tortura com secos versos torturantes.
01-10-2013