Todo mundo

Todo mundo

Quer ser negão

Até passar o primeiro camburão

Faz um rasta

Diz ser

o preto mais branco

Que o Brasil já pode ver

Diz que faz acontecer

Tira onda de procêdê

Mas quantos negros

Contratou na sua empresa?

Eu vou dizer

Nenhum

Você é apenas mais um

Estereótipo de maluquinho

Gozando com o pau do neguinho

E é com muito carinho

Que eu vou dizer

O samba

O rap

O jazz

É muito além da imagem

Cor da pele

Ou marra de malandro

É sofrimento

Chicotada e borrachada

Nas costas dos manos

Rimas e batidas

Melodias escritas com sangue

Você se encaixa onde?

Nem quero saber

Alias quem sou eu

Pra julgar você

Só mais um

A margem da sociedade

Querendo entender

Quem disse que a comunidade

Aprovou ou reprovou a sua imagem

Ser gueto é atitude

No quilombo o seu currículo

São as lutas

As batalhas que travou

Porradas nas pontas das facas do opressor

Se doou? Somou? Articulou?

Quem é real representou

Quem não é rodou

Todo mundo

Quer ser negão

Até passar o primeiro camburão

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 30/09/2013
Reeditado em 30/09/2013
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