Todo mundo
Todo mundo
Quer ser negão
Até passar o primeiro camburão
Faz um rasta
Diz ser
o preto mais branco
Que o Brasil já pode ver
Diz que faz acontecer
Tira onda de procêdê
Mas quantos negros
Contratou na sua empresa?
Eu vou dizer
Nenhum
Você é apenas mais um
Estereótipo de maluquinho
Gozando com o pau do neguinho
E é com muito carinho
Que eu vou dizer
O samba
O rap
O jazz
É muito além da imagem
Cor da pele
Ou marra de malandro
É sofrimento
Chicotada e borrachada
Nas costas dos manos
Rimas e batidas
Melodias escritas com sangue
Você se encaixa onde?
Nem quero saber
Alias quem sou eu
Pra julgar você
Só mais um
A margem da sociedade
Querendo entender
Quem disse que a comunidade
Aprovou ou reprovou a sua imagem
Ser gueto é atitude
No quilombo o seu currículo
São as lutas
As batalhas que travou
Porradas nas pontas das facas do opressor
Se doou? Somou? Articulou?
Quem é real representou
Quem não é rodou
Todo mundo
Quer ser negão
Até passar o primeiro camburão