O garoto
Ninguém olhava para o garoto
Mas ele queria ser visto
E assim viu que era preciso fazer algo
Começou a falar o que pensa
Mas era inocente, e foi ridículo
Então começou a ser agressivo
Passou a gritar seu ódio
Nas bobagens, nas coisas sérias
Vestido de idéias, filosóficas e políticas
Que lhe corroeram a alma ainda verde
O tempo passou, o ódio passou
As pessoas passaram, e pouco restou
Mas ficou a imagem, do ser que quis ser
Isso acabou virando o fardo dele
A impressão alheia, que agora lhe arrodeia
Chegou até a lhe convencer do fato
Que fora venciido pela verdade vista
Até que chamou a atenção, num certo dia
De quem nunca notou existir, e lá sempre esteve
E criou-se assim uma paixão pelo cansaço da derrota
A sobra de um encontrou o vazio de outrem
O velho e seu discurso patriarcal
Repousando calmamente no colo da moral