Dolores
Sutil mulher, que sabe ser suave
Que sabe se exprimir, e levar ao transe
Muito dolorido são seus atos
Se mexer é um castigo
Dolores que me abraça
No braço pesado, a dor
Sem poder fazer qualquer gesto
Ela permanece, até que não consiga
Mais se envolver em mim
E vai partir pra outra parte
Talvez a cabeça, talvez a coluna
Dolores sempre presente
Sempre constante e intensa
Minha vida sem ela não é vida
Nem a de ninguém seria
Dolores que não dorme
E já acorda me abraçando
Ontem no coração tocado
Já outrora nos olhos pesados
E hoje no braço de força
Sem força pra Dolores
O corpo que nela interage
Espera que um dia, se esvaia
Sem dor alguma, ele me deixará
No sono sem sentidos,
Clara evidência de padecer
No paraíso dos convalescentes