O menino que nunca envelheceu


O meu problema de envelhecer
Não foi o enrugamento da pele
Nem a queda dos cabelos
Nem as retinas cansadas
O coração machucado pelas paixões
Pelos lipídios
 
É o menino que nunca foi embora
E continua jogando pião
Dentro de mim
Na palma da mão
Brincando com as bolas de gudes
Coloridas pelo arco-íris
Empinado papagaios de papel crepom
Manchado
Fazendo aqueles acordes quadrados
No violão todo arranhado pela vida
E apaixonado pelos poemas
Ultras – românticos
 
Não mata mais passarinhos
Nem aprisiona os pobres preás
Mas permanece ali
Como se a vida fosse um calendário
Que não se desfolha
Um verbo sem pretéritos conjugados
O tempo na velocidade da luz
Um flamenco andaluz
Aquele blues na janela verde...
 
 
                     Luiz Alfredo - poeta
 
 
 
 
 

 
luiefmm
Enviado por luiefmm em 29/09/2013
Código do texto: T4503890
Classificação de conteúdo: seguro