Espanto...
Espanto...
quando sinto o vento tocar meus cabelos de leve,
como se as mãos de um anjo sobre eles pousasse...
trazendo conforto, ternura, solidariedade...
nestes meus cabelos tão revoltos pelas tempestades,
que vem do mar.
Como do mar vem as ondas flutuantes...
inquietas, instigantes, em fins de tarde, em dias normais.
Porque é dentro do comum que me vejo mais indolente,
intranquila, ansiosa, imperativa, sempre buscando sair do cativeiro.
E, neste toque tão sutil do brando vento sinto meu coração,
ainda que lentamente...pouco a pouco se aquietar.
No abraço da vida sinto-me acomodar...e em fragmentos me vislumbrar...em outros abraços, outros braços...
Outros dias...outros ventos...outros mares...
outras eras...outras vidas...
E, de espanto em espanto construo este sentimento...
tão desvairado, tão denso...tão pleno de solidão...
Mas, de uma solidão feita de lembranças...
feito o ar que alimenta os ventos...
E continua a tocar os meus cabelos tão carentes de afagos...
de ternuras...de mãos de anjo...e de luar.