Entre a roça e a cidade

Distante que nada
Minha roça é logo ali
Cercada de verde, encantos e colibris.
 
No meio fio que divide
Não duvide, pois nesta avenida
Há entulho, barulho e fuligem
 
No meu roçado as estrelas dançam
Na noite criança que calmamente embala
Enluaradas são minhas lembranças
 
Na calçada mais um pedinte
Escravo de sua alma amargurada
Ignorado por quem passa ausente
 
No campo as frutas colorem a paisagem
Na brisa há um cheiro em cada estação
E a alma faminta encontra satisfação
 
O asfalto é o chão desse povo apressado
Sem tempo de tudo e nada a dizer
Sufocam-se por tão pouco e sem perceber
 
No caminho florido de nossa estrada
Se faz cavalgada ou mesmo a pé
Há tempo pra uma prosa e um gole de café
 
Repare o semblante daquele condutor
Sem paz, estressado por tal movimento
A ponto de colidir no próprio tormento
 
À noite me chega num sono suave
E o dia amanhece num trino louvor
A natureza resplandece no voo da ave
 
A buzina anuncia que o dia rompeu
A frota colorida na rua se espalha
E quem não anda certamente atrapalha
 
Assim segue a vida entre a roça e a cidade
Quem é da cidade almeja a paz da roça
E quem é da roça almeja mais tranquilidade.