SOBRE SONHOS E RIOS
Olhos que espreitam a rua estreita,
mente que se cansa, mas não se deita,
amor que emana da amarga suspeita
de um vil desamar.
Sorriso alado que amarelou tanto,
desencantou-se de tanto esperar,
acorrentou seu canto aos elos da tristeza,
quando a incerteza deu de lhe afagar.
Palco de tédio e dor, jardim das ilusões,
aplausos, vaias, escassez de amor,
pecados sem perdão.
Rio que secou antes de desaguar
sem conhecer o mar.
Palavras secas ditas por dizer,
cortantes, empunhadas por paixões febris
tentando a todo tempo desenhar o Sol,
sob intensa chuva com uma pedra de giz.
Saulo Campos - Itabira MG