Ultimato
Quero ser
muitas coisas, ir além
– não quero ser apenas isso–
Esposa, mãe, companheira;
Quero criar meus mundos...
Ultrapassar barreiras;
Conquistar (viver) tudo que me convêm.
Sei que escolhas custam caro
Implicam renúncias e não raro
Deixam marcas no corpo, na alma;
Mas não tenho medo, o que eu faço agora
Já está em mim impregnado;
Não posso fugir dos meus sonhos.
Preciso sair do exílio de mim mesma,
Fugir das aparências que mascaram
A dor que trago presa em meu peito,
Soltar-me das amarras do marasmo
Que me prendem ao cotidiano desfeito
Enfrentado com ironia e sarcasmo;
Sinto que estou renascendo
Já consigo nadar até a outra margem,
Logo deixarei tudo para trás,
E num ato de ousadia e coragem
Assumo de vez minha identidade.
Será meu grito de liberdade.
Creio que não será hoje (agora),
Talvez (nem) amanhã
Mas será qualquer manhã
– antes que seja tarde –
E a manhã se transforme em noite
Golpeando minhas certezas com açoites.