Da Gentileza
Da Gentileza
Se temos a feliz opção
de escolher, para o olhar,
aquilo o que enxergar,
independente da velha visão,
eu lhe pergunto : por que não
ver as belezas que possam mostrar,
ao invés de salientar
não-belezas que aparecerão?
Não é preciso falsidade
para o prazer de ser gentil,
ao se dizer daquilo que viu,
mesmo que seja só da metade;
quando a bela realidade,
sinceramente, nos sorriu;
e a outra metade só fingiu,
por não ser bela de verdade.
A voz da gentil delicadeza
escorre toda perfumada,
sempre que ela é falada
para a tristonha incerteza;
que ao ouvir a sua beleza
ser, docemente, exaltada
deixa de ser triste e calada
para queimar sua tristeza
na chama, de novo acesa,
da brasa da dormente risada;
que só precisava ser soprada
por um sopro de gentileza.
Torre Três (R P)
26-09-2013