Da Doçura
"Doce, que seja doce".
Caio, do que você falava, Caio?
Que poderá ser doce nesta vida
Que em amarguras é tão embebida?
Passo os dias roboticamente
Nos cantos, jogado
Caçando encanto
Caçando certezas
Frustrado
Como rato que caça
Esfomeado
Migalhas que caem das mesas.
Cadê a candura? Só vejo negligência
Concupiscência. Carnes latejando.
Urgência. Cadê a ternura?
Aquela fofura que cura?
E que, sim, Caio
Seja doce
Tão doce quanto a sorte
De ser ceifado pela foice
Da etérea Princesa,
A Morte.