[Joguemos, mulher!]
Sim, joguemos;
joguemos enquanto
há tempo [e há?]!
Mas que jogo
é esse que tanto
jogamos senão o jogo
de não enxergamos,
de não nos ver jogar?
Se eu [te] pergunto,
e se a [tua] resposta
não me interessa,
por que eu [ainda] jogo
esse jogo nunca ver
o jogo que estamos
a jogar, desde que
nos conhecemos?!
Por que eu te pergunto,
se eu me pergunto antes,
e se as respostas não me
interessam... nunca?!
Então... respiro fundo...
Ah, joguemos, mulher,
não vá a nossa roda louca
parar exatamente agora!
Silêncio... Não faz a
menor diferença
se me perguntares
[do jogo, do jogo!]!
Portanto, silêncio...
apenas vira-te, devagar,
assim... em silêncio,
dá-me as tuas costas,
as tuas costas nuas...
assim... assim...
Agora, sem olhos nos olhos,
fala-me... sim, fala-me de ti,
mas fala em silêncio,
fala só ao meu olhar cúpido;
fala... fala só com o teu
fêmeo e roliçoso traseiro!
Nesse nosso limbo,
não há paz, nunca,
pois... faltam respostas,
sempre hão de faltar!
Ah... eu necessito... eu preciso
daquela suave flor estrangeira,
a flor do leste noturno,
que se abrirá, com certeza,
antes do sol nascer de novo!
Ave, flor, ave flor do desejo,
flor que me salva do limbo!
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[Desterro, 26 de setembro de 2013]