A cadeira verde

Nada é de graça,

A não ser a graça,

Na qual nem sempre estive.

As mulheres bordavam frutas e flores

E teciam frivolitê.

Eu não sou mais desse tempo,

E o que em qualquer tempo faz pena

É uma casa sem bordados, sem plantas, sem zelo...

A brutalidade me bane para lugares tão distantes,

Que só anos-luz pra medir!...

Chego lá desarvorada.

A Força que não se recusa me banha

E eu volto fortalecida, renovada,

Iluminada!

Eu não sou ouro maciço,

Sou só banhada...

Quando me gastam,

Fico mareada.

Aí, eu volto novamente à Força,

Que me fotalece, renova e ilumina!

Na hora em que sumo

É que somo mais palmos

Para a minha única vida!...

Ascese - outro modo de se fugir em maior carreira

Para o rochedo mais alto

Na hora da enchente...

Bombas de napalm queimaram as criancinhas

E Deus viu,

Mas a mulher não creu em Deus.

A mulher não viu a anestesia

Com que Deus protegeu as criancinhas,

Porque só meia visão foi dada aos humanos...

— “Cadeirinha de balanço

Ou paradinha,

Qual que a senhora quer pr´a menina?

Tem rosa, azul e verde.

Qual que a senhora acha mais bonitinha?”

—Eu queria uma cadeirinha de vime, moço!

Mas as suas são tão bonitinhas!...

Fico com a verde!

Sim, fiquei com a verde.

Já me acostumei a ficar com a Esperança!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 14/04/2007
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