Da Tranquila Tristeza
Quando uma doce ilusão me faz pensar que já está morto
e um inocente conforto se deita no tapete (no chão),
ele retorna ao coração (mesmo navio para mesmo porto);
e vou (num inverso de aborto) refazer essa gestação.
Nessa viagem que se refaz, já sei que o antigo navio
agora, navega vazio em águas de tristeza e de paz;
que já me sinto incapaz de beber as amarguras do rio
pois, quando essa sede sorrio foi que me amargou muito mais.
As águas da calma tristeza são profundas, mas, limpas (também);
e posso enxergar o que contém toda a sua profundeza...
o que vejo (com certeza) é que, nelas, não existe ninguém;
que a melancolia que vem (flutuando na delicadeza)
já não é uma saudade presa nas distantes mãos de alguém...
só uma tranquila refém desse amor que a mantém acesa.
23-09-2013