RADIOPOEMA
Os microfones, insones,
pela madrugada adentro
enviam vozes amigas
para ouvidos atentos
de solitários sonolentos.
As ondas sonoras, canoras,
por suas múltiplas freqüências,
preenchem o silencio da noite
o vazio das vidas,
e as sentidas ausências.
São vigias noturnos, soturnos,
porteiros e padeiros,
taxistas e plantonistas,
feirantes e caminhoneiros,
policiais e prisioneiros,
enfermos e enfermeiros
clientes e prostitutas;
todos eles lutadores,
de árduas e insanas lutas.
Somos todos consolados, amparados,
na vigília embalados,
para a vida empurrados
e por ele, o rádio,
irmanados,
São os prefixos, sufixos,
spots, jingles e vinhetas,
pelas teclas que deslizam e botões que giram,
Pelo mixer, amplificador e transmissor,
por cabos, circuitos, chips e computador,
as invisíveis ondas viajam,
de antena a antena,
de muito longe, desde o galena.
Vencem o tempo, vencem o espaço,
envolvendo-nos num imenso abraço.
E com fundos musicais
de acordes celestiais,
ligam-nos ao céu e a terra,
para que sejamos os elos
de uma corrente fraterna,
nesta jornada, quem sabe,
eterna?
-----------------------
∞
Tributo aos precursores e pioneiros: Faraday, Volta, Hertz, Ohm, Ampère, Maxwell, Edison, Roberto Landell de Moura, Guglielmo Marconi, Edgar Roquette-Pinto, e a todos aqueles que nele trabalham e/ou amam O RÁDIO.
pg/set-2013 otelo.rocha@gmail.com