Pegadas na areia...
Estou atenta às moringas e às talhas
Peças de alumínio próprias para cozinha
Bancas de brincos e argolas
Balas, chicletes
Panos grosseiros estampados de florões
Roupas de crianças e adultos
Calçados, cadarços
Coisas que vou vendo pelas bancas, nas calçadas
E dá vontade de comprar tudo
E dá vontade de não comprar nada!
Cidade grande
Cidade pequena
Saudade é ver de longe, pela grade,
O bem que já esteve tão próximo!
Num cabide, junto com a lembrança,
Pendura-se uma esperança!
O mar é a melhor maneira de me amar.
Flechas e lanças enfeitadas de plumas roxas e amarelas
Índios Machacalis e
Tapajós, de Coroa Vermelha,
Pele cor de talha, cor de telha
Casas redondas, de palha...
Não demora,
Desbota-se o bronze das minhas costas
Recém-chegadas do Sul da Bahia...
Longe de mim,
As ondas continuam
Sob o sol total
Profusão de conchas
Profissão de ostras
Águas que se recolhem
E se expandem
Invadem a terra
E apagam os muitos rastros
Na areia
Das vezes que fui morena...