Da Coisa Falada

Digo, porém, não digo!...não sei se posso dizer!...

se, dizendo, vou correr algum tipo de perigo...

sequer, sei se consigo esse estranho poder

de se deixar conhecer, talvez, pelo inimigo.

Digo, mas, não digo não!...porque dizer é nudez...

e sinto a timidez de mostrar meu coração...

prefiro a sedução de tirar, uma por vez,

cada peça de mudez e, talvez, falar (então).

Digo não, digo sim!...e, na verdade, digo nada!...

pois, a coisa falada não sabe falar de mim...

e, não falando (enfim) para não ser escutada,

vai dizendo (calada) o meu bom e o ruim...

e, nesse dizer sem-fim (de voz sempre sufocada)

fica aliviada por falar tanto assim.

23-09-2013

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 23/09/2013
Reeditado em 10/12/2015
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