Desertos
Quantos desertos atravessei
vendo miragens
suplicando oásis...
Sede e fome me rasgavam!
As lágrimas caíam
e delas eu me embebedava.
A dor traduzida em choro
alimentava meu ser
como chuva regando planta...
Inventei sol em céu nublado
Fiz flores das pedras duras
e poesia de palavras cruas
Feri-me com minha própria lança
até cair a última gota se sangue...
caminhei na lama dos mangues
me sujei até me limpar da dor!
Atravessei seca paradoxalmente verde...
É tudo tão incerto!
Hoje não sei se saí do deserto
ou aprendi a viver nele.