Desertos

Quantos desertos atravessei

vendo miragens

suplicando oásis...

Sede e fome me rasgavam!

As lágrimas caíam

e delas eu me embebedava.

A dor traduzida em choro

alimentava meu ser

como chuva regando planta...

Inventei sol em céu nublado

Fiz flores das pedras duras

e poesia de palavras cruas

Feri-me com minha própria lança

até cair a última gota se sangue...

caminhei na lama dos mangues

me sujei até me limpar da dor!

Atravessei seca paradoxalmente verde...

É tudo tão incerto!

Hoje não sei se saí do deserto

ou aprendi a viver nele.

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 21/09/2013
Código do texto: T4492126
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