DESESPERO IMAGÉTICO
Este espelho enruga sabedoria:
vida e dor são refletidas.
Vê-se com amargo, o rosto passa, resto
da uva que já foi um dia
aprender a duras penas
que tudo vale a pena
não ver de novo, nem o rosto que antes
era apenas alegria.
Agora a lágrima torna oblíquo
o lado reto do olhar já tido
despejando o orvalho contido
na represa da dor...
Por momento as imagens se congestionam
tomam rumo ao nevoeiro
engasgado de choro preso
na garganta;
Na garganta
a palavra silêncio saliva desespero
imagético,
ético espelho tolo que não traz consolo
nem se permanece mudo
nem esconde verdade,
mesmo quando se questiona
vem a tona,
mesmo sem querer
as linhas do tempo
as marcar conflitos do ser embrulhado
e como o presente se desembrulha
a sabedoria brota feito dor
em descompasso
no reflexo da imagem
no espelho a dizer por onde anda
que eu apresso o passo.
Espelho, espelho meu
sua verdade me cansa
e eu não me acho.