PAREM O BAMBARÉ EM MINHA ALMA!

PAREM O BAMBARÉ EM MINHA ALMA!

O silencio do castelo é fúnebre mortalha,

Apenas os corvos cantam com as almas;

Almas penadas dos amores que eu tive.

A procissão caminha pelas salas do castelo,

Na frente do cortejo fúnebre eu vou nu,

Meu pênis flácido é um detalhe branco,

Meu corpo coberto de pelos lisos

E almas penadas cantam a maldita canção.

A idade pesa e a cera da vela queima a mão,

O bambaré invade o coração, aperta-o.

O bambaré quer romper as torneiras,

Fazer as lágrimas caírem sobre o pó do castelo.

Os corvos na janela parecem rir de minha dor,

Espantei todos os animais de proteção para longe

Restou meu cão, minha fiel companheira,

Que lambe a minha face em meu consolo.

Sobraram minhas tatuagens e o medo da solidão.

No espelho o velho e nas minhas costas um Serafim

Nem a Dama de Negro me quer como companheiro.

A cena no castelo seria bela se não fosse minha nudez!

Almas perdidas e translucidas vagando cantando,

Corvos com grasnar e bater de asas num ritmo frenético,

Eu perante o espelho velho decrépito e nu

A consolar-me minha cadela e o belo Serafim.

Mesmo sem chorar e querendo morrer,

Imploro que parem o bambaré em minha alma

Pois amanhã será um dia melhor... Assim espero...

André Zanarella 18-09-2013

Bambaré

SM (do quimbundo) Confusão de vozes; desordem barulhenta.

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 20/09/2013
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