OLHOS FECHADOS
Há noites em que nego o sentido da visão
Caminho para a frente
rumo a permanente cortina negra
De olhos fechados
sou ruídos e estrondos
sou aromas e odores
sou áspero e liso
sou intuição e imaginação
Minha imaginação lança-me a um mundo onírico
privado de cores e imagens
Meu pseudo mundo de transeunte invisível
é trevas
e trevas são sonhos
Sonhos, narinas e dedos
desenham a realidade fantasmagórica
Quem é o espectro
que caminha pelas ruas
com passos lentos?
Quem é a esquina
que vê de longe,
que vê de perto,
que vê pela frente
e que vê pelas costas?
Quem são os abutres
em barbárie
nas praças?
O mundo real
é primitivo e limitado
quando comparado ao mundo imaginado
Anulo tudo que não serve aos meus olhos
e a minha cegueira é o meu pensamento
Vivo um sonho diversificado
e pelo tempo que permaneço no escuro
o mundo é bom
Morpheus