RAFAEL E ROSA
Quando a magia entrou pelas frestas
da sala de aula, encontrou-a menina,
com ar de aprendiz, envolta em sonhos,
carteiras, quadro negro e pó de giz.
Quando a magia estancou diante dele,
no fundo da sala, encontrou-o adulto,
com ar de mestre, envolvido naquele
solene laço, desprovido de indulto.
Quando a magia insistiu quieta por anos,
tangida por longos e teimosos intervalos,
não mais havia sala. Outros planos,
outros laços, faziam da vida um regalo.
Quando a magia venceu o desengano,
meneou paciente os fardos das diferenças,
profanou o santo e santificou o profano,
costurou corpos, almas e crenças.
Quando a magia encontra o bafo do mal,
espreitada por suspeita horda indefinida,
eles riem e continuam de modo banal.
Fecham as taramelas do centro da vida
contorcem-se em dores, mas saram a ferida.
Eterna nos seus corações é essa magia.