Do Quarto Escuro

Abri a porta do quarto escuro e não quis acender a luz

porque seus olhos estavam nus e, neles, brilhava o meu futuro...

um sol tão vermelho e tão puro que meu olhar de cantor de blues

tocou uma valsa e eu me pus a dançar feito um imaturo.

Senti a sua respiração enchendo o quarto de novos ares

filtrando os meus ventos solares no filtro da sua mansidão...

vi viajar minha solidão soprada para os mais distantes mares

pelas suas narinas pares : uma de brisa, outra de tufão.

Antes de sentir o seu calor, pelo seu cheiro eu fui aquecido...

por um jardim de fogo florido, queimando uma única flor...

um bom perfume que se fez vapor e, do seu corpo adormecido,

veio (feito rio fervido) para meu olfato navegador;

que, sentindo tão ardente odor e quase perdendo o sentido,

navegou por seu corpo despido no quarto escuro do amor.

Roberto.

19-09-2013

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 19/09/2013
Reeditado em 10/12/2015
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