MÁ POESIA (VELHO CADUCO CAFONA)
MÁ POESIA (VELHO CADUCO CAFONA)
A palavra mina a relação.
A idade pesa como um elefante,
Não há dragão para o mundo da fantasia.
O homem envelheceu,
Suas juntas endureceram,
Amar a jovem é sofrer,
Mundos separados por abismos,
Guardados por gárgulas sedentas,
Prontas para decolar o sonho.
O desejo na carne persiste,
A bursite dói, mas o amor sorri.
A decepção com a imaturidade machuca,
Mas o sonho alisa os cabelos e os pelos.
O velho caduco aguenta e segura,
Pois sabe que a palavra é flecha lançada.
O velho caduco e cafona sofre calado,
Agradece a Deus por estar sendo despertado,
Com uma tapa na cara pela sua amada,
Que quebrando os seus óculos
E consertando-o vê apenas no espelho
Um velho caduco e cafona,
Digno de pena, pois ousou acreditar no amar.
Fez asas de penas colocadas de cera
E cometeu o mesmo erro de Ícaro,
Mas ao invés de voar para o sol,
Voo em direção ao amor de outra pessoa,
Que simplesmente destruiu suas asas,
Deixando-o caindo e decrépito.
Velho caduco e cafona,
Sem gatas negras vadias...
Sem corujas encantadas...
Sem borboletas coloridas...
Ou oleiras batalhadoras.
Velho caduco cafona sozinho
Ao seu lado apenas um dragão,
Que agora que consertou os óculos não passa de um cão.
André Zanarella 17-09-2013