Ode ao Fim

E no final era eu quem babava na piteira.

Essa é mais uma das descobertas pós-término.

Terminamos tantas vezes. E tantas outras voltamos.

Essa é só mais uma das descobertas pós-termino que trazem você

De volta. Volta?

Fumando sozinho

Manzanzando na rede xadrez

Espantando pernilongos com jornais

Espichando as pernas e bocejando sem parar

Eu vou esticando o braço e alcançando a cerveja morna

Que só está aqui e só está morna porque você aqui não está.

E desmanzelado no espelho eu encaro o que sobrou de nós

Essas olheiras pretas e fundas e esse olhar opaco de tédio

Essa boca retorcida de derrame, caída e ressecada à esquerda

E essa testa enrugada, com sulcos, estradas

Estradas que não levam a nada.

E os rabiscos que esgaravatam toda a autopiedade que não transborda em mim

No máximo conseguem fazer com que eu te engrandeça e me miserabilize mais.

Queria que você sumisse assim como sumiu

Que desaparecesse nessa névoa de mágoa

Fina e aborrecida, úmida e irritante

Que me afogada a cada suspiro

De desgosto que dou

Ao (saber) não poder

Te tocar

Mais.

19/09/2013 - 00h05m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 19/09/2013
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