CAMINHO DO MEIO

Sou qualquer coisa

entre o grão e a poeira,

entre o cheiro e o jardim.

Já me vesti de pedra,

já fui rio de água bôa,

sou qualquer coisa

entre a penumbra e o jasmim.

Sou qualquer coisa

entre o grito e o silêncio,

entre o gozo e a dor.

Estou entre o vento e a parede,

a embriaguês e a sede,

entre o ódio e o amor.

Sou qualquer coisa

entre a maçã e o desejo,

entre o rabisco e o atropelo.

Estou desenhada

entre o bonito e o feio.

Quisera, pois,

encontrar o caminho do meio.