INSANA ROMARIA
Nó - de - forca, pé - de - briga,
pé - de - cana, mão - de - figa,
fé que emana da longa cantiga,
feitiço, mandinga, coisa que se diga.
Esforço e cansaço só causam fadiga
abraço e descaso nunca vão dar liga.
Ouro na bateia qual sangue na veia,
tudo tem seu preço ninguém me estapeia,
o que não tem rumo sempre desnorteia,
onda dá no mar, no jardim dá rosa,
causa-me ciúme a moça fogosa,
pois a coisa boa é sempre perigosa.
O cavalo bravo não aceita arreio,
do ignorante todos têm receio,
mulher que debanda não respeita freio,
quem peita o mais forte grande risco corre,
ao ver-se vencido se envergonha e corre
leva prejuízo, se machuca ou morre.
A bebida boa é a que embriaga,
se a tragédia é pouca mesmo assim é praga,
perante o destino todo mundo vaga.
Quem conta segredos não terá apreço,
de quem é cigano esqueça o endereço,
não se endireita o que nasce do avesso.
O prato cheio, a tripa vazia,
a lua nova, o verso a poesia,
a sombra abraça a noite, o clarão beija o dia,
o que é urgente a gente sempre adia,
qualquer desordem o caos preludia,
mas se o homem destrói a natureza cria.
Saulo Campos - Itabira MG