INSANA ROMARIA

Nó - de - forca, pé - de - briga,

pé - de - cana, mão - de - figa,

fé que emana da longa cantiga,

feitiço, mandinga, coisa que se diga.

Esforço e cansaço só causam fadiga

abraço e descaso nunca vão dar liga.

Ouro na bateia qual sangue na veia,

tudo tem seu preço ninguém me estapeia,

o que não tem rumo sempre desnorteia,

onda dá no mar, no jardim dá rosa,

causa-me ciúme a moça fogosa,

pois a coisa boa é sempre perigosa.

O cavalo bravo não aceita arreio,

do ignorante todos têm receio,

mulher que debanda não respeita freio,

quem peita o mais forte grande risco corre,

ao ver-se vencido se envergonha e corre

leva prejuízo, se machuca ou morre.

A bebida boa é a que embriaga,

se a tragédia é pouca mesmo assim é praga,

perante o destino todo mundo vaga.

Quem conta segredos não terá apreço,

de quem é cigano esqueça o endereço,

não se endireita o que nasce do avesso.

O prato cheio, a tripa vazia,

a lua nova, o verso a poesia,

a sombra abraça a noite, o clarão beija o dia,

o que é urgente a gente sempre adia,

qualquer desordem o caos preludia,

mas se o homem destrói a natureza cria.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 17/09/2013
Código do texto: T4485772
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