ENCONTRO ÍNTIMO

Foi naquele momento
em que tudo estava frio.
Esperávamos, eu e meu menino,
que chegasses.
Nem contávamos o vento,
nem a tarde, nem o rio.
Na igreja apenas o sino
badalava, badalava.

Talvez usasses
o que restou do unguento
aquecido no velho pote
onde havíamos guardado
nossas intimidades.
Talvez nem lembrasses
das inúteis verdades
retidas no quarto apertado
a que nos impusemos.

Talvez nem viesses.

Pela janela espiei quem passava.

Tua chegada estranhou-me o decote.

Da igreja ouviam-se as preces
dos fiéis. De mim, apenas ouvia
meu coração. Nem mais o rio, nem o frio
e nem haveria o canto da cotovia.


 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 16/09/2013
Reeditado em 20/03/2014
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