Do Rancor
Há uma dor cortante...que corta até mesmo a alegria...
que tira uma fatia da carne crua de cada instante...
com seu fio de diamante e com sua impaciência fria...
que queima e que arrepia...numa louca tensão delirante.
Há uma cortante dor...que sangra a pele de cada momento...
em um afiado tormento na lima faminta do rancor...
que come as sobras de amor...e, depois, o próprio excremento...
com seu paladar nojento...engolido no prazer do horror.
Há um escravo coração...que, ao mesmo tempo, é o algoz...
que não ouve a própria voz...e que tateia na escuridão...
surdo, cego e aleijão...no espinhento caminho atroz
que, nos passos, aperta os nós do seu ressentimento-prisão...
e, nessa pungente escravidão (e, com ele, sempre a sós)
não vê o que está após : a liberdade, se vir o perdão.
Roberto.
14-09-2013