Mudanças do Tempo
Os anos passaram
já não somos os mesmos
nossas vidas voaram
e hoje mal nos vemos
O musgo quase cobre o retrato
que carrego em meu peito
o exibo em meu quarto
e o levarei a meu leito
Muitas estradas se cruzam
seguindo caminhos distintos
usamos uns e alguns nos usam
e ninguém entende o que sinto
Me prenderam e me mataram
fizeram de mim um animal
um inferno me mostraram
inferno humano e astral
Em minha vida eu sonhei
mas meu sonho morreu
não há vida que amei
não há amor mais que eu
Ainda assim, vivo sigo
repleto de muitas lembranças
sentado a sombra de um figo
revivendo as crianças
Jovens correntes
vivendo e cantando
sorrindo contentes
o mundo adorando
Escrevemos o mundo
em folhas de papel
nobres e vagabundos
vendo o mesmo céu
Doces lembranças,
se o tempo pudesse voltar
doces lembranças,
se o mundo pudesse me amar
Olho um velho retrato
em sorriso alegre amarelo
sei que o passado é um fato
de um mundo paralelo
Hoje estou acordado
mas já não sei onde estou
não estou acorrentado
mas já nem sei quem eu sou
Estou perdido,
sem alma ou amor
me sinto perdido
em um tremendo calor
As areias que passo
queimaram meus pés
sob o céu eu me asso
sem vida e sem fé
Passaram-se mês e meio
um pouco menos talvez
mas deste mundo o seio
mamarei outra vez
De mãe o deleite
qual outro no mundo não há
que nesta vida me deite
pra nunca mais acordar
Se eu acordar
rogo que não seja aqui
já não consigo andar
já não consigo fugir
Minhas pernas me matam
e neste mundo eu morri
os meus bolsos relatam
amigos que eu conheci
O musgo cobre o retrato
mas de mim não se separa
o meu passado é um fato
de alguém que talvez me amara