[O corpo em revolta]

No desacerto entre a leveza do lençol de cobrir

e a espessura macia da colcha de algodão,

consolo [não] ideal para a meia-estação,

revolve-se o meu corpo que mal-dorme...

Tento em vão me apaziguar no sono

[“dorme que passa, meu filho!”],

mas, ora sonho, ora acordo;

ou, ora acordo e sonho também,

de olhos no teto, e este corpo

memorioso, a arder em chamas...

Que sonho infernal é esse,

que mesmo depois de tantos anos,

não me deixa em paz?

Paz... que paz... como pode

haver paz numa falta de compromisso

com a felicidade, com o prazer?!

Qual paz... como pode haver paz

depois de rompido o pacto

[frágil?] de um encontro único?

E vem a longa madrugada...

Insone, o corpo em revolta

senta-se na cama; busca o chão

para conectar-se à [sua] realidade.

Depois, deambula entre o silêncio

dos móveis e o grito da consciência.

[Não é nada... nada não — é apenas

mais uma vida fútil a escoar pelo ralo...]

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[Desterro, 15 de setembro de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 15/09/2013
Reeditado em 17/09/2013
Código do texto: T4482717
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