À todo momento cai um grão de areia.
Sua descomunal massa, sua velocidade,
sua carência torpe de cumprir aquilo que lhe cabe,
Ainda surpreende aos que se deixam surpreender.
Porém não a mim. Estou atento, alerta, em guarda.
Suspenso entre estas duas paredes,
Neste mundo de cá que é só meu
Onde a brisa marinha, fria e silenciosa não pode circular,
Só sinto o aroma da doce amargura que domina este micro pedaço de infinitude,
dominado pelo isolamento.
Há fios por todos os lados
Fios unidos que acompanham pálpebras cerradas,
Outras entreabertas, mas dispersas o bastante para serem suficientemente capazes de atentar a sutiliza das simples gotas de ânsia.
Olhos mil
Há olhos por todos os lados
e todos me olham, mas nenhum me enxerga.
E para todo lado que direciono meu próprio olhar,
Nada enxergo, senão uma total ausência de matéria.
Como se nada mais existisse
Apenas a total inexistência de tudo
Do músculo inerte, do alvéolo sufocado por palavras,
Tudo se resume à incerteza regada por solidão.