Flocos de Vidro
andando solitária
nas ruínas de meus
desvairados sonhos mortos,
vejo-me perdida ao ver
em minha já insensível carne
as cicatrizes nobremente deixadas
pelos flocos de vidro que caem
sobre mim como angélico lembrete
da morte a espreitar ao meu lado,
à espera do milagroso abraço
que tanto me confortará
de minha derradeira lágrima
o momento,a jura eterna
da solidão do sono.
durante essa vítrea nevasca,
recebo em minha pele
cada floco de vidro
como doce lembrança
do futuro morto que ainda
me esqueço de como é,
pois cada momento é
como luz refratada
em cada caco a refletir
toda a sombra que cobre
os sabores a que estão
afogados meus olhos
nas lágrimas que descem
junto com esses flocos
que me atormentam agora
meu corrompido coração.