BAILARINA
Gosto de deslizar na palavra
Feito bailarina embriagada
Quando sou um verbo sem tempos
Imperfeita e intransitável
Desobedecendo as leis
Do meu próprio contexto.
Nem me preocupo em compor-me
Rima decifrável
Apenas rodopio ,idéias misturadas
Multifacetadas
De mim.
De braços abertos e ponta dos pés
Espio pelas janelas do meu eu
Sobrecarregados de reticências
Que sugerem rios, pássaros e borboletas
Lindos
Grafitagens de Deus.
Mas
Quando meu delírio tropeça
Em alguma vírgula mal colocada
E a lucidez desaba
Sobre a bailarina em êxtase
Eu choro
E volto novamente
Ao vazio do parágrafo.