Sombras Partidas


 
 
Fostes embora
Mas deixastes tua sombra
Nas pálpebras do sol
Nas pestanas do arrebol
Que assombra minha tarde
Morna
 
Perambulando por onde
Andastes
Envolta da roseira
Do aroma da cidreira
Nos cílios da jabuticaba
Nas flores da goiabeira
 
Ficou tua sombra na varanda
Daquela casa onde deitastes
Com teus sonhos
E teus cabelos cultivados
Pelas tempestades
Nos aceiros dos roçados
 
O espantalho desgrenhado
Da lavoura soterrada
Ainda guarda alguns pedaços
Da tua sombra
Os olhos grasnados dos corvos
Enegrecidos
O milharal levado pelo vento
Com suas espigas assustadas
Debulhadas pelo tempo
 
Sombreadas ficaram as tardes
Que demoram ir embora
E aquele crepúsculo morto
De saudades
E aquele aroma impregnado
De tangerina
 
Teus cílios negros desenham
Como se fossem grafites descontrolados
Tua penumbra sem vértices
Teu romance desgrenhado
E suas pestanas enegrecidas
A rua dos flamboyants
Aonde ias como se a vida
Fosse uma vela sem destino
Uma existência sem destino
Uma poesia sem garrida.
 
 
                 Luiz Alfredo – poeta.
 
 
 
 
 
 
 
luiefmm
Enviado por luiefmm em 14/09/2013
Código do texto: T4480876
Classificação de conteúdo: seguro