O 2º Motivo do Fragmento

Caminhei

Caminhei por ruas que não tinham saída

Caminhei por ruas estreitas

Caminhei por ruas longas . . .

Caminhei

E no caminho

Vagando e perambulando

Deparei-me com nada

Caminhei

Caminhei por ruas que mais pareciam avenidas

Caminhei por ruas largas, espaçosas

Caminhei

E no caminho

Vagando, andando, perambulando

Deparei-me com tudo

Caminhei por ruas tortas

Cheias de nada

Caminhei por ruas tão compridas

Que mais pareciam rodovias

Caminhei

E no caminho

Vagando, andando, perambulando, correndo

Deparei-me com algo

Caminhei

Caminhei por ruas escuras, vazias

Cheias de gente

Vazias

Caminhei

E no caminho

Deparei-me

A mulher de seios fartos

Tetas cheias de leite farto, branco amarelado

Jorravam pelo asfalto negro

Caminhei por ruas brilhantes

Onde o leite jorrava abundantemente

Como o gozo do que esta em celibato

Ou do virgem que se descobre pela primeira vez

E quanto mais provava do leite branco amarelado

Mais o queria

Caminhei por ruas ingrimes

Onde o leite já talhado,amargava os cantos escuros e as esquinas

Caminhei

Caminhei por ruas que mais pareciam estradas

Estradas estreitas que me conduziam à destruição

E largas que me conduziam à vida eterna

que terminava

Caminhei

E no caminho deparei-me com isso

A cada passo

Uma luz que se apagava

Um vento frio soprava

Um ruído perene

O leite ja nao alimentava

Como o gozo fraco do velho insandecido

Caminhei

E no caminho deparei-me com

As tetas murchas, secas

Da mulher frígida

As ruas lotadas de gente muda

Caminhei

E no caminho

Deparei-me com ruas

Exageradamente cheias

De gente gritando

Ofuscadas pela claridade

Alva da luz negra incessante

Gritavam

Gritavam

Perambulantes

E

Solenes

Caminhei

Caminhei por ruas claras, solitarias e perenes

E

No

Caminho

Tive a certeza

Da incerteza

Da beleza,

Dos cacos espalhados

E os cortes nos pés.

Caminhei

Caminhei

Caminhei por ruas áridas

Com folhas secas

Que cobriam as calçadas

Caminhei

Caminhei por ruas molhadas

Pela chuva ácida e cinza

Pela putrefação sórdida do Ser

Do-ente

Caminhei

E no caminho

Deparei-me comigo.

O céu avermelhado

Meio que cor de abóbora

O ontem.

Foi-se, mas está.

O Pre-Sente.

Agora e sempre.

O A-manhã.

De só pôr hoje.

A esperança

Mais pura

De Seres que produzem

O caminhar

No caminho

Do caminho.

Alecsandro Amorim Martiniano
Enviado por Alecsandro Amorim Martiniano em 13/09/2013
Reeditado em 24/09/2013
Código do texto: T4480601
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