MELHOR DO QUE FUI

Então, me toco
e outra vez sei quem sou.
O tato me diz mais
do que o espelho.
Do meu ego,
há muito renego
qualquer conselho.
No armazém dos arsenais
de carícias estoco
o amor de quem me amou.
Guardo o amor que me dei,
amando.
Trago ele na pele, no sangue,
nas lembranças de vidas
e das duras despedidas.
Mas trago, também, guardadas,
as doces lágrimas das chegadas.
Trago ainda a tristeza que ficou
do último beijo que pensei
não fosse.
Então, de novo me toco
para poder ser contigo
o reverso, a presença, o amigo,
aquele que não mais seria
caso não te encontrasse.
E ao poder te olhar, face a face,
construo a serena parceria
aprendida nas lições que sei de cor
e me fazem ser hoje bem melhor
do que já fui.

 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 13/09/2013
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