A CORUJA DE MINERVA

A CORUJA DE MINERVA

Prédios cinza da cidade que cresce desordenadamente,

As cores da tinta não esconde mais fuligem da humanidade.

Católicos competem com evangélicos em cantorias irritantes.

Ônibus e metros lotados abarrotados de sardinhas humanas,

Odores de todos os poros e frascos numa mistura nauseabunda.

Em terrenos vazios ratos, mosquitos e restos humanos.

O grafite e o piche suja a cidade sem respeito algum

E a coruja de Minerva abandona a quem se apaixona por ela.

A coruja é incapaz de ser guerreira e impor a sua vontade,

Enfrentar a hipocrisia do lado de um pobre mortal.

A coruja quer o mimo, quer o titulo de ser ou de possuir.

Mas é incapaz de levar o humano para o seu ninho no Olimpo.

Deixa-o perdido no caos tão sozinho, largado na solidão.

Resta ao humano olhar nos olhos de outras corujas,

Corujas que voam no silêncio das avenidas vazias,

Corujas que na maciez de suas penas viram sambistas alegres,

Mas nenhumas delas é a coruja de deusa Minerva.

Restou me vestir de noticias antigas de um velho jornal.

Tatuar piadas em meu rosto cheio de rugas e olheiras

E tentar encantar a coruja bailarina mortal num botequim,

Quem sabe um dia a coruja de Minerva acorde para o mundo real,

Mas nesse dia quem sabe a tatuagem já fez parte de minha alma,

Então serei palhaço e talvez nesse dia seja feliz com uma mortal Colombina.

André Zanarella 10-09-2013

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 13/09/2013
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