A prostituta e o pacote de pão

Uma prostituta se senta na sarjeta

Estanca a hemorragia nasal com um pacote de pão

Que estava a dar

Voos rasantes no chão

"Sorria sempre", ela leu no outdoor

Mas era só a propaganda de um dentista

A prostituta acendeu uma xepa

De um cigarro preto feito carvão

Que até mais parecia

Uma pedra no chão

"O sol vai voltar", disse o carro de som que passava

Mas era só uma propaganda de cosméticos

A prostituta coçou a virilha suada

Por debaixo da saia imunda

Quem não se deixa derrubar pela vida

Acaba vivendo corcunda

"Viver é morrer", dizia a pichação no alto do prédio

Mas aquilo era só uma verdade

Num mundo onde a morte é para a vida

O único remédio

R A Ribeiro
Enviado por R A Ribeiro em 12/09/2013
Reeditado em 12/09/2013
Código do texto: T4478701
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